Depois de tudo que eu passei tenho algo a dizer, e eu espero que a minha história possa trazer esperança a outros. Dia após dia eu aprendi a apreciar a jornada de quem tenho me tornado. Eu vim para essa temporada sem saber o que o futuro traria, e existe uma razão pela qual nós não sabemos o futuro, porque fomos feitos para confiar e descansar em quem nos criou, mesmo nos tempos difíceis.
Durante o vale e o deserto, durante toda a loucura de Agosto passado, eu tive esperança que Ele nunca me deixaria, então eu poderia encarar o desconhecido.
Um ano.
Um ano inteiro.
12 meses.
365 dias.
8760 horas.
4 estações.
14 de Agosto de 2019 - O dia que eu voltaria para o Brasil.
Estar aqui tem sido uma grande aventura, cheia de altos e baixos. Muito mais altos do que baixos, com certeza. Muitas surpresas. Tantas bênçãos. Uma Carol diferente, mas também a mesma.
A Carol que chegou em 2018 nos Estados Unidos tinha um plano. Basicamente a idéia era: Viajar, viajar muito, ir para Califórnia, não se apegar às pessoas dos EUA, para que fosse mais fácil ir embora, encontrar uma igreja, me divertir, falar muito inglês e ir embora.
Eu também tinha alguns desejos como: Fazer uma amiga, assistir o Patriots no estádio, ir para Boston e não sofrer.
A Carol de um ano atrás era engraçada sabe? Ela limitava o que Deus podia fazer.
Eu não vou mentir e dizer que eu não imaginei coisas boas, eu imaginei. Eu só não imaginei tão bom quanto a vida real foi para mim.
Como eu mudei?
A pessoa de um ano atrás que tinha tanto medo de se perder por ser péssima com direções, para a pessoa que eu sou hoje. A pessoa que pensa que tem que ir mesmo porque se eu não for, e talvez me perder, como vou descobrir novos caminhos?
A pessoa que dizia que lasanha era sua comida favorita desde que consegue se lembrar, e agora virou alguém que ama mais sushi. (O adendo aqui é que a três anos nem de peixe eu gostava.)
A pessoa viciada em Coca-cola que hoje gosta mais de café.
A pessoa que odiava abacate para pessoa que agora quer abacate em tudo.
A pessoa que amava o silêncio e a calma da cidade pequena, para pessoa que ama a barulhenta cidade de Nova Iorque.
A pessoa que nunca pensou que pudesse amar esta cidade, e agora meio que ama essa cidade sim.
A pessoa que achava que alguns sonhos eram difíceis demais para se realizarem, para a pessoa que viveu seus sonhos e muito mais.
A pessoa que odiava rosa claro e agora ama.
A pessoa que só via a vida em preto e branco, e agora entende que algumas coisas podem ser cinzas.
Uma pessoa que tinha medo de receber amor de lugares inesperados, para a pessoa que ainda não entende, mas está maravilhada pelo tanto de amor e graça que recebeu.
A pessoa que pensou que nunca ia ver sua família durante o período nos EUA, para pessoa que teve duas semanas com 3 pessoas maravilhosas (4, contanto o Tito.)
Da pessoa que via flexibilidade como algo ruim pra pessoa que entende que tudo bem mudar.
Eu poderia citar mais tantas coisas, grandes ou pequenas, sobre quem me tornei nesse último ano.
E ainda posso falar sobre varias coisas que continuam iguais, como por exemplo minhas coisas favoritas no mundo continuam sendo: passar tempo com Deus, com as pessoas que eu amo, viajar e ir no cinema. A lista um ano atrás ia incluir ler, assistir futebol e séries. Não que eu não goste mais de fazer essas coisas, eu gosto, mas aqui raramente faço.
Eu acho que a Carol de um ano atrás estava tão certa de como a vida poderia ser que Deus teve que virar a vida dela de cabeça para baixo para que ela pudesse entender quão grande, misericordioso, gracioso, amoroso e bondoso Deus é.
A Carol estava tão certa, ela era tão convicta, mas felizmente Deus é tão bom que mesmo ela tendo um coração orgulhoso e tendo planejado o futuro dela todinho, Deus disse para ela: Quer saber Carol? Olha isso aqui. Dá uma olhada em como a vida pode ser quando você me dá o controle.
Não foi fácil, mas eu sou tão tão tão grata.
Eu andei pensando sobre os planos que eu tinha quando vim, como por exemplo não me apegar a ninguém. Mano, que besta né?! Eu queria controlar quanto sofrimento eu teria. E isso é tão maluco, porque eu não consigo imaginar como seria a vida sem as pessoas que Deus colocou na minha vida aqui. Eles me ajudaram a ser a pessoa que eu sou hoje. Eu não consigo imaginar como a vida seria se eu tivesse seguido meu plano. Tô para dizer que grande parte da experiência de intercâmbio que eu tive eu devo às pessoas que eu conheci. Gente, toda glória a Deus com certeza, porque foi Ele quem trouxe todas essas pessoas para minha vida, e elas fizeram desse ano tão especial. O resto do plano não era ruim, mas era limitado. Eu consegui fazer tudo e muito mais.
Uma das coisas que mais gosto de ouvir agora é “Você mudou.”
Sabe? Eu espero que sim. Eu espero que eu continue mudando, para que eu me pareça mais com Cristo, para que eu ame mais as pessoas, para que eu reflita a Deus em tudo o que eu fizer.
Eu amo quando falo com o pessoal no Brasil e eles dizem: “É a Carol mesmo? Você mesma tá falando isso? Uau deve ser Deus te mudando mesmo.” E é. Eu era muito preto no branco. Oito ou oitenta. E eu estou tão feliz que Deus me escolheu para provar, construir, transformar e fazer vinho novo.
Quando eu olho para esse ano que passou, eu me lembro das pessoas que me disseram como eu era corajosa mesmo quando eu estava apavorada por dentro. Hoje eu posso dizer que fazer com medo também exige coragem. Contudo, não fui eu ou minha super habilidade de resistir, foi Aquele que me segurou até aqui. Cada parte dessa jornada eu devo a Ele. Quando eu olho para trás, não foi a minha jornada nos EUA. Foi a minha jornada com Deus. Não é sobre a minha história, é sobre Ele mudando a minha história.
Deus tem sido tão gracioso, misericordioso e amoroso, e eu tenho aprendido a demonstrar isso a outros.
Antes de vir eu orei para que toda essa experiência refletisse Deus. Que as pessoa vissem a Deus e não a mim. Essa é a minha oração até hoje, que eles O vejam em mim.
Então eu posso te contar sobre o meu ano mais que extraordinário aqui, e eu tenho falado sobre isso em todos os meus textos até aqui, mas eu quero também falar sobre o impressionante Deus que fez tudo acontecer.
A menina que pediu para estar entre as palmeiras na Califórnia. A adulta que desejou, em um domingo de Super Bowl, assistir o Patriots ao vivo no estádio. A adolescente que assistiu tantos filmes americanos e tinha esperança de estar aqui um dia.
Aquela Carol nunca poderia fazer nenhuma dessas coisas sozinha, e graças a Deus que ela não teve, porque Deus era com ela.
Eu pessoalmente hoje quero te dizer para não ter medo de sonhar. Coloque seus sonhos nas mãos de Deus. Pode demorar. Eu não orei e cai aqui nos Estados Unidos como mágica. Houve um processo.
Aproveite o processo.
Aproveite a presença de Deus.
Aproveite a vida que Deus te deu.
Seja humilde e espere.
Sorria, ria, chore e fique triste se precisar. Há uma estação certa para tudo debaixo do sol.
Deus, muito obrigada por ter me trazido para essa incrivelmente linda jornada. Eu nunca mais serei a mesma, e eu sei que ainda não sou o que eu serei ainda, mas quero ser vulnerável para que o Senhor continue me transformando.
E como diria o grande Homem de Ferro: “Parte da jornada é o fim.”
Hoje é o fim do meu ano, mas surpreendente para Carol de 2018 não é o fim da vida dela nos EUA. A Carol que tinha tanto medo do desconhecido e viu tantos milagres acontecerem no desconhecido.
Para você e para mim, para que nunca nos esqueçamos que Ele conta até os fios de cabelo da nossa cabeça, e nos ama tanto.
“É uma graça que eu nunca poderia algo adicionar
Para ser alguém que o Senhor ainda quer
Mas de alguma maneira
O Senhor me ama como me encontra.”
Contudo, Seu amor é bom demais para me deixar como eu estava.
Um ano.
Um ano inteiro.
12 meses.
365 dias.
8760 horas.
4 estações.
Uma Carol diferente, o mesmo Deus.
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