Hoje apareceu no meu explorar um vídeo de um restaurante em Nova York e enquanto assistia o vídeo um dos primeiros sentimentos que tive foi tristeza.
“Poxa, eu morei lá e não fui nesse restaurante.”
Senti saudade de quando eu achava que minha vida era repleta de momentos extraordinários como ir em um restaurante diferentão em Nova York.
Foi aí então que Deus falou comigo.
Fui procurar saber onde ficava aquele restaurante em NYC e para o meu choque descobri que já havia estado lá. Já tinha ido neste restaurante que apareceu em um reels para mim. Eu só não tinha pedido a mesma coisa que aparecia no vídeo. Acho que inclusive nem tenho fotos ou vídeos daquele restaurante porque o tratei como um lugar comum, normal e ordinário que frequentei enquanto estava lá.
Que loucura, o que fez daquele lugar um lugar extraordinário e interessante para mim foi um vídeo na internet de alguém que fez o lugar parecer legal. Diferente. Extraordinário.
Após, alguns segundos refletindo sobre isso pensei quantas e mais quantas coisas eu vejo na internet que passam batido na minha cabeça e não me fazem refletir, mas me deixam triste com a minha realidade?
Muitas vezes minha realidade não é nem melhor ou pior do que a das imagens que vejo. Só o fato de outras pessoas parecerem felizes na internet as fazendo muitas vezes transforma o momento delas em supostamente um momento mais feliz do que o qual eu estou vivendo.
Acho que a internet tem feito muito momentos comuns parecerem extraordinários e muitos momentos extraordinários parecerem comuns.
O que quero dizer com isso: por exemplo sigo uma blogueira que viaja duas vezes por mês e de tanto ver isso me parece que um caso não tão comum é comum. É comum viajar tanto, e a minha realidade se torna sem graça porque não viajo tanto ou então vejo alguém na internet fazendo uma atividade tão comum como se vestir para o dia se transformar em algo extraordinário porque ela tem um bom enredo para isso. Arruma-se comigo para ir ao supermercado vira um evento extraordinário dentro daquela perspectiva.
A verdade é que nossa vida é composta muito mais por momentos comuns do que momentos grandiosos e extraordinários. A vida não acontece na mesma frequência que os stories nos fazem acreditar. Em um momento estou assistindo alguém lavar a louça em outra alguém de férias na Disney.
Aí me pergunto também o que faz de um momento importante o suficiente para que ele seja mostrado? O que faz com que alguém compartilhe uma maçã? Sendo que uma viagem para as Maldivas é algo muito mais interessante, certo?
Talvez a diferença esteja em nossas perspectivas. Da mesma maneira pela qual eu estive em um restaurante e achei aquele um lugar comum/sem graça alguém fez aquele lugar parecer algo extraordinário.
Só que como disse passamos a maior parte da vida em momentos comuns. Eu me engano ao pensar que quando estava em NYC só fazia coisas incríveis. Quando penso bem, lembro-me que a maior parte do meu dia era cuidando de outras pessoas e que muitas vezes passava o dia sacrificando minhas vontades e não falando sim para elas.
A grama não é mais verde do lado do vizinho do Instagram. A grama é mais verde onde aguamos e cuidamos dela. O que isso quer dizer? Quer dizer que podemos passar a vida toda querendo estar em outro lugar ou querendo a grama do vizinho. Só que chegando lá e se chegarmos lá também teremos que cuidar daquela grama. Por que então não cuidamos dos nossos olhos hoje? Dos nossos momentos hoje? Por que não louvamos e agradecemos a Deus porque hoje temos extraordinariamente muito mais do que merecemos?
Por que não olhamos a nossa vida comum com olhos de gratidão a Deus?
Porque, não sei você, mas o meu coração cheio de pecado, gosta de se entreter com vislumbres de vidas em que tudo parece mais fácil, em que tudo dá certo do que se dedicar a ter fé e encarar a minha vida com a perspectiva do eterno me lembrando que todo momento é extraordinário porque Deus está nele.
É muito fácil comparar vislumbres de vida “incríveis” do que dedicarmos a nossa vida real para Deus.
* Imagem meramente ilustrativa, não tenho foto no restaurante.
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