top of page
Buscar
Foto do escritorAna Carolina Urel

14 de Agosto de novo

Lembro-me da Carol que eu era há dois anos, quando o João e a Thais me deixaram no aeroporto. Lembro-me das lágrimas que derramei enquanto caminhava sozinha pela sala de embarque. Eu finalmente estava sozinha. A última mão que eu segurava acabava de soltar, e agora era Deus e eu nos EUA. Eu não queria chorar muito, porque logo encontraria as outras meninas que iam embarcar comigo. Se era isso que eu queria para a vida, não havia motivo para chorar, havia? Bem, eu ia sentir falta das pessoas do Brasil, então acho que isso era um motivo bom o suficiente para chorar. No entanto, me sentia pronta. Eu queria viver esse sonho que eu havia sonhado desde que consigo me lembrar.

Eu estava pronta para minha primeira viagem de avião. Esperei o medo entrar em ação. Isso nunca aconteceu. Esperei ter medo do plano. Ou não conseguir me comunicar. Esperei ficar paralisada de medo, que é uma coisa comum para mim, nunca aconteceu.


Eu consegui um assento na janela do avião e orei para que ninguém se sentasse ao meu lado para que eu tivesse mais espaço. Ninguém sentou lá. Eu estava tão animada e ansiosa, que mal dormi no vôo de dez horas durante a noite. Eu mal podia acreditar que era verdade, e em poucas horas eu entraria no meu sonho. Eu estava finalmente em um programa de intercâmbio.

Lembro-me de ver um campo de futebol da janela, e tentar discernir o que mais eu conseguia ver enquanto estávamos prestes a pousar. Foi tão emocionante. Eu ainda estava esperando para ficar paralisada de medo, mas isso nunca aconteceu.

Lembro-me que na primeira semana aquela Carol ficou com medo de Manhattan, mas não demorou muito para amar o Brooklyn.


Lembro-me de como ela foi feliz e alegre no primeiro ano. Ela simplesmente pulava de alegria e estava flutuando com a vida. Era como se ela pudesse ver cada milagre em lindas cores brilhantes. Ela ficou pasma e chocada. Ela se sentiu amada por Deus como nunca antes. Deus ainda era o mesmo, ela apenas se aproximou para ver e provar.

Escrevi muitas das minhas mudanças no primeiro ano, e agora o relógio marca o segundo ano. Então, vamos falar sobre isso.


O segundo ano foi diferente. Normalmente as pessoas que vivem no exterior passam por alguns estágios, como: a fase da lua de mel (onde tudo é doce e você fica muito feliz e animado), choque cultural (onde você começa a ver as diferenças com mais clareza e fica difícil - também pode ser chamado de estágio de frustração), então vem o estágio de ajuste (é quando você se torna mais confortável com as diferenças) e, finalmente, vem o estágio de aceitação (este pode levar anos e não significa que novas culturas ou ambientes sejam completamente compreendidos, significa que a compreensão completa não é necessária para funcionar e prosperar no novo ambiente).


Eu pessoalmente acho eu tive um ano de lua de mel. Minha fase de lua de mel durou um ano. Eu estava flutuando de felicidade. Tudo era colorido e brilhante. Eu mal falava português, e amava isso. Eu viajava e ficava maravilhada todos os dias. Eu me apaixonei. Foi ótimo. E então o ano número dois começou e no plano de Deus as coisas começaram a mudar. Nem tudo parecia tão bom mais. Comecei a sentir falta de coisas que eu nem achava que gostava no Brasil. Senti mais falta da minha família do que no ano anterior. Eu queria falar português. Senti falta da cultura brasileira. Senti falta de sair com brasileiros. Senti falta do meu primeiro ano. Choque cultural. Choque de realidade. Choque de ter o coração partido, tudo de uma vez, porque por mais que o intercâmbio seja uma vida legal, não é realidade, e com certeza não dura para sempre. Eu sabia disso, mas no segundo ano parecia mais real. Eu não viajei muito. Eu fui para o Brasil.


Meu sobrinho nasceu, e eu queria estar com a minha família. Eu ainda amava os EUA, mas havia uma mistura de sentimentos. Coisas que eu queria que não podiam coexistir. Eu senti falta do Natal em casa, e da minha família barulhenta. Senti falta de sair com meus amigos, e churrascos brasileiros nas férias. Era bom aqui, mas sentia falta de lá. Porém, com tudo isso no segundo ano, e com tudo o que Deus fez no primeiro, comecei a olhar para a vida e para mim de forma diferente. Percebi mais do meu egoísmo. Busquei a Deus cada vez mais. Percebi que estava tentando agradar a Deus resolvendo um quebra-cabeça, em vez de entregar meu coração. O segundo ano me quebrou de uma maneira diferente do primeiro. O primeiro ano me quebrou e me pegou de surpresa. É o processo de vida e formação. E quero dizer, depois que o Covid aconteceu, tudo pareceu mais difícil. Metade do meu segundo ano foi dentro da era Covid. Então vivi um processo interno muito maior. Aprendi a ouvir melhor a Deus. Aprendi a valorizar melhor minhas raízes e minha família. E então me lembrei daquela Carol. Aquela com a qual eu comecei esse texto. Aquela Carol que esperava viajar e se divertir. Aquela Carol não sabia quantos anos ela cresceria em dois. E no segundo ano, o medo que mal me atingiu no primeiro, apareceu mais forte. No entanto, aquela Carol tinha ficado mais forte. Sua fé tinha sido fortalecida. Os desafios eram diferentes, mas ela sabia que tinha o mesmo Deus nos altos e baixos.


Eu vi Deus fazer uma nova letra em meus planos de A a Z este ano.

Ele está curando meu coração em coisas que eu não sabia que ainda precisavam de cura. Ele me deu amigos quando eu pedi. Ele me deu pessoas para segurar minha mão quando eu precisava, e me fez sentir que era só Ele e eu, quando era disso que eu precisava também. Como no ano passado, eu não sabia o que o futuro traria. No entanto, sei que quero que minha vida reflita a mesma coisa que desejei no ano passado. Deus. Quero que minha vida aponte para a vida real que se encontra em Cristo. 14 de agosto de 2020, supostamente meu último dia de Au Pair. Dois anos desde que cheguei aqui. Lembro-me daquela Carol, e eu sou muito grata a Deus por me ajudar a ver tudo o que Ele fez quando me lembro de onde estava, e onde estou. Como nas resoluções de Ano Novo, oro para que nos próximos seis meses Deus continue trabalhando em mim, e eu me aproxime cada vez mais Dele com o passar dos anos nos EUA, no Brasil, ou onde quer que eu esteja.


Nova York era o sonho de Deus para mim, e eu não poderia estar mais feliz por isso.

Sunset Park, Brooklyn, Nova York, sempre será um lugar no meu coração, não importa o que aconteça a seguir. Nova York e todas as partes incríveis dela. Quero ver a vida com os olhos que Nova York me ajudou a ver. Como uma turista. Encantada com a beleza de cada coisa nova, porque a beleza pode ser encontrada em qualquer lugar, porque Deus está em toda parte. Precisamos apenas ajustar nossos olhos e nossos corações à fonte certa.


Eu mal acredito que fazem já, é só, dois anos!

Obrigado New York!

Obrigada Deus!


Aconteça o que acontecer a seguir, sei que sou muito abençoada!




9 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


Post: Blog2_Post
bottom of page