"Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso.
Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas.
Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.
Mateus 11:28-30
Ultimamente eu tenho refletido muito sobre como as crianças que eu cuido são tão adversas a aceitar ajuda.
Muitas vezes eu ofereço para ajudá-las, e eu tenho a resposta para o problema delas ou se eu apenas as ajudassem um pouquinho ela alcançariam onde elas querem muito mais tranquilamente.
Eu sei que a cultura hoje em dia nos educa para sermos independentes, para não precisarmos de ninguém, para descobrirmos sozinhos. Faça você mesmo e as crianças refletem isso.
Elas orgulhosamente dizem: “Eu consigo.” enquanto eu as vejo lutarem. As vezes elas ficam exaustas tentando, ficam frustradas, se enchem de raiva e apesar de todos os seus esforços e vontades elas não conseguem sozinhas.
De vez em quando eu as ofereço ajuda novamente mesmo depois de elas negarem e então elas negam novamente. E quando isso acontece eu penso comigo mesma, que pena, boa sorte tentando sozinha e eu digo a mim mesma que eu não as ajudarei depois porque elas foram tão desrespeitosas com a única pessoa que esta tentando ajudá-las.
Eu as vejo tentar até que elas estejam prontas para pedir ajuda, aceitar ajuda ou eventualmente desistir.
Eu tenho refletido em como isso parece o meu relacionamento com Deus. Quantas vezes eu sei que Ele está lá, eu sei que Ele pode ajudar, eu sei que Ele pode fazer em seu tempo, mas eu? Eu quero fazer sozinha. Eu quero controlar os resultados. Eu imagino se Deus me olha da mesma maneira que eu olho para as minhas crianças. Penso que se eu ao menos me rendesse, Deus e eu poderíamos resolver isso juntos.
E quando não, eu choro, fico frustrada e me encho de raiva. Por que as coisas simplesmente não funcionam? Eu estou me esforçando tanto. Talvez se eu confiasse mais e pedisse ajuda.
Hoje, o que me fez escrever esse texto foi um acontecimento bem comum com a Shayna, ela estava usando um vestido e ela precisava se trocar para o treino de futebol. Então, eu disse a ela para ir se trocar, mas que primeiro eu a ajudaria ela a desabotoar o vestido dela porque eu sei que ela não consegue fazer sozinha, já vi ela tentar e não conseguir. Ela com uma atitude não muito legal gritou para mim que ela conseguia fazer sozinha. Eu disse que tudo bem, mas sabendo que ela voltaria a pedir ajuda eventualmente. Eu vi ela se contorcer, deitar no chão e lutar para abrir os botões nas costas do vestido. E naquele momento eu pensei “Eu te avisei.” E tive outro pensamento orgulhoso que disse: “Se ela voltar para pedir ajuda eu vou mandar ela fazer sozinha.”. E foi nesse momento que Deus me trouxe a mente outro pensamento que disse: “E se Eu te tratasse assim? E seu Eu te desse somente uma chance?”. Nesse momento um sentimento enorme de misericórdia e graça cruzou meu peito. E se Deus me tratasse do mesmo jeito que eu quero tratar as pessoas? E se Deus me desse só uma chance em tudo?
Enquanto eu estava refletindo a Shayna veio me pedir ajuda com o vestido. Contente eu disse que sim. Eu a ajudei e ao invés dela me agradecer ela me olhou e disse com soberba: “Viu, eu fiz mais que você.”. Normalmente isso me irrita, que as crianças são incapazes de reconhecer a ajuda de alguém, mas hoje eu não liguei porque eu comecei a pensar que ela precisa de graça exatamente como eu.
No mundo dela onde ela é ensinada que ela precisa crescer para ser independente, não precisar de ninguém, que ela precisa descobrir as coisas sozinhas, ela precisa de graça. Ela precisa de graça para entender que algumas vezes nós precisamos sim de ajuda, as vezes está tudo bem em aceitar a oferta de alguém, as vezes está tudo bem em não saber tudo, as vezes está tudo bem em estar perdido.
Eu não estou aqui para dizer que nós deveríamos fazer tudo pelas crianças e que elas não tem que fazer algumas coisas sozinhas ou que elas não devem perseverar quando as coisas ficam difíceis. Tudo isso tem seu valor também. Entretanto, por que tantas vezes elas (e nós) resistimos a ajuda tão fortemente? Por que temos tanto medo de parecermos fracos? Por que queremos tanto não precisar de ninguém? Por que resistimos tanto a Deus? E se Deus fosse como eu e ficasse cansado da minhas recusas grosseiras?
Uma verdade muito libertadora é que Deus não é nada como eu. Ele é gracioso e misericordioso. Ele não desiste de mim quando eu me recuso a aceitar ajuda.
Pensando sobre nós eu acho que seja a hora de sermos menos orgulhosos, é hora de entender que precisamos de Deus e precisamos de outras pessoas. É hora de olhar para outras pessoas como Deus olha para nós. Com misericórdia, graça e principalmente amor.
Não é preocupante pensar que tudo depende dos nosso próprios esforços? Por que queremos tanto ser independentes? Pensamos que com dinheiro o suficiente não teremos problemas? Que se não precisarmos de ninguém não nos frustraremos? E se o dinheiro acabar? E se a saúde falhar? E se nos frustrarmos mesmo assim?
O orgulho diz resolva sozinho. Porém Jesus convida todos os cansados e sobrecarregados a irem até Ele para encontrarem descanso. Significa que não teremos mais dificuldades? Não, significa que Ele pode nos ajudar enquanto caminhamos pela vida. Vai contra tudo que é natural para nós entregarmos tudo a Deus. Contudo, isso é a coisa certa a fazer.
Outra coisa que eu aprendi com as crianças é que para aceitar ajuda precisamos confiar no provedor de ajuda. E esse tipo de confiança só é construída com um relacionamento. A mesma coisa com Deus se nós não desenvolvermos um relacionamento com Ele será difícil de confiar nEle. E será difícil de aceitar a Sua ajuda e então nós nos contorceremos, nos frustraremos, nos encheremos de raiva porque não conseguimos fazer tudo sozinhos.
Entretanto, a realidade incrível é que Deus está sempre olhando por nós e esperando que nós seguremos sua mão. Só não espere a casa pegar fogo para fazer isso.
תגובות