Quando eu era criança eu amava brincar de boneca ou de Barbie. Eu tinha algumas bonecas e algumas Barbies e eu podia passar o dia todo brincando com elas. Eu imaginava como a vida delas seria. Quantas filhos elas teriam. Elas eram casadas e tinham casas bonitas. Elas tinham uma vida feliz.
Tirando uma parte da minha vida que eu disse que eu nunca ia casar porque os homens eram todos idiotas eu sempre sonhei com aquela vida. Casar, ter filhos, uma casa legal e uma vida feliz.
Se você me perguntasse em qualquer momento da vida quais eram meus sonhos minha resposta sempre era: intercâmbio, casar e ter filhos. Esses eram os sonhos e os planos.
Eu tinha alguns sonhos paralelos enquanto esses não aconteciam, mas eu estava construindo minha vida para eventualmente chegar lá. Intercâmbio, casar, filhos.
Quando eu estava no ensino médio eu queria entrar numa faculdade estadual e eu sempre imaginei que eu ia me apaixonar na faculdade, fazer intercâmbio, voltar, terminar a faculdade e casar. Com 22 anos minha vida já estaria toda arrumada, talvez ter um filho aos 25, outro aos 28 e mais um aos 32. Se isso te parece estranho preciso te falar algo sobre mim. Eu vivi muito tempo na minha imaginação. Eu vivi imaginado os lugares em que eu queria estar mais do que vivendo onde eu estava.
Eu não gostava tanto da minha vida real então planejar um futuro melhor sempre pareceu mais legal.
Se você me conhece um pouco você sabe que esse plano ai não deu muito certo para mim. Tirando entrar numa faculdade estadual todas as outras coisas demoraram mais e algumas ainda nem realizei.
A minha história da Barbie e Ken da vida real não foi tão fácil como na minha imaginação.
Eu acho que porque eu assisti muitos filmes e li muitos romances desde pequena eu criei na minha cabeça a ideia que o seu final feliz começa quando você se casa. E eu queria isso. Eu queria um final feliz. Mas eu queria do jeito certo. Com Deus. Bom era o que eu achava.
Alguém com quem eu pudesse construir um casamento. Porém eu sempre tive medo de ter meu coração partido e eu tinha medo de entrar em um relacionamento e sofrer para o resto da minha vida. Então eu tinha esses sonhos, mas eu não me abria para relacionamentos. Eu acho que eu pensava que Deus simplesmente me mandaria o cara certo na hora certa. Mesmo que eu já tivesse estabelecido o tempo certo na minha cabeça. Eu estava tentando fazer com que o meu tempo certo fosse o tempo certo de Deus.
Eu queria tanto, mas ao mesmo tempo eu tinha tanto medo de gostar de alguém. Eu não queria ser vulnerável para sofrer mais. Eu achava que já tinha sofrido o bastante. Então por muitos anos eu me fechei para pessoas a minha volta.
E os anos foram passando e o cara que eu tanto esperava que Deus fosse me mandar não aparecia. Eu esperava e na minha cabeça eu estava fazendo tudo certo. Por que dava certo para todo mundo menos para mim?
Eu me questionava se eu não era bonita o suficiente, inteligente o suficiente, legal o suficiente, cristã suficiente. Por que os caras não gostavam de mim? Era mais fácil colocar a culpa nos outros e não em mim. Eu questionava a Deus. E perguntava porque Ele simplesmente não me dava o que eu queria. Por que era tão fácil para outras meninas e para mim não?
As pessoas a minha volta também não ajudavam sempre perguntando sobre namorados ou paqueras que não existiam. Perguntando o que tinha de errado que eu não conseguia arranjar alguém. E eu me perguntava o mesmo, questionava a Deus e me culpava.
Eu não devia ser bonita, talvez eu tenha uma personalidade muito difícil, talvez eu seja alta demais, talvez eu seja teimosa demais, talvez o que eu queira seja demais.
E eu comecei a ressentir a Deus.
Eu estava buscando a Deus, por que Ele simplesmente não fazia o que eu queria? Ele tinha poder para fazer, não tinha? E para muitas outras coisas na vida eu me sentia assim, o intercâmbio é outro exemplo, mas hoje vou focar na minha vida amorosa.
Por muitos anos eu me foquei em onde eu queria estar e não onde eu estava, acabei insatisfeita por muito tempo. Eu deixei quem eu queria ser, ser a minha identidade, ao invés de saber quem eu já era.
Quando eu era mais nova eu costumava pensar que eu só estava esperando pelo cara certo ou o tempo certo. E então os anos foram passando e as coisas pareceram ainda mais fora do meu controle. Quando eu achei que era uma boa idade para namorar nada aconteceu. E o tempo continuava passando. E nada. Parecia que eu estava esperando por algo que não ia acontecer. Então parecia uma espera inútil. Eu me sentia punida por ter que esperar. Eu queria ser mãe e esposa, mas se não tivesse um cara eu nunca seria essas coisas. Olhando para esse passado com os meus olhos do futuro eu sei que errei em construir minha personalidade em uma vida idealizada e não em quem eu era em Deus. Eu não me olhava com os olhos de Deus. Eu pensava que eu só teria valor quando eu chegasse lá. Mas isso não era quem eu era ou quem Deus queria que eu fosse.
No meio da espera eu li diversas histórias bem sucedidas e escutei diversos testemunhos de como as coisas deram certo no tempo de Deus para diversas meninas. E eu achava tudo lindo, mas em algum momento aquilo começou a me irritar. Bonito e tudo mais, mas não acontecia comigo. (Pouco impaciente né, fala sério.) Na minha cabeça o tempo estava passando muito rápido, eu tinha 22 anos, nunca tinha namorado ou beijado, nunca nem tinha me apaixonado. E ai, naquele momento de tanta frustração Deus falou comigo.
Alto e claro Ele disse: “Até você entender que eu sou o suficiente eu não vou te dar o que você quer. Você não precisa de mais nada além de mim. Entretanto, você não entende isso. Você está esperando por outras coisas para te fazer feliz ao invés de encontrar alegria em mim.”
Aí, na mosca. Tão alto e tão claro. O que Deus disse era tão verdade para tantas coisas na minha vida. Sempre existia um quando. QUANDO eu casar serei feliz, QUANDO eu for para os Estados Unidos, QUANDO minha família for salva. Todos eram ídolos no meu coração que Deus precisou quebrar. Foi então que aprendi que era possível querer coisas boas com a motivação errada.
Casamento é uma coisa boa. Fazer intercâmbio é uma coisa boa. Ter sua família salva é uma coisa boa. A razão pela qual eu queria essas coisas não era boa. Deus precisou me mostrar isso. Foi um tempo muito bom na minha vida espiritual e eu tive que abandonar muitas das minhas ideias do que eu achava bom e certo. Deus tinha que ser o suficiente porque Ele era. Eu procurei por Ele e entender quem Ele era. Eu procurei estar na sua presença para que eu estivesse contente em toda e qualquer situação. Eu não estava procurando mais a Deus para ter o que eu queria, mas pela primeira vez em muito tempo eu estava procurando a Deus pelo que Ele era. Casando ou não. Intercambio ou não. A vida ficando mais fácil ou não. Deus era bom. E por um tempo eu senti como se Deus e eu fossemos melhores amigos. Eu estava voando. E então, então eu me apaixonei. Infelizmente, não fui mais apaixonada por Deus. Me apaixonei por um cara. Maravilha Carol, não era isso que você queria? Eu achei que era e bem no começo parecia legal e bom. Entretanto, não era o tempo e nem a pessoa de Deus.
Eu sempre fui muito orgulhosa e pensava que tinha minha vida sobre controle. Eu sempre pensei que me apaixonaria uma vez por um cristão e ele seria meu primeiro namorado. Nós nos casaríamos e tudo seria lindo. HA!
Eu nunca conseguia entender as garotas que sofriam por caras que claramente não eram bons para elas. Até que eu me tornei uma delas. Eu tinha tantas regras para mim mesma, para não me apaixonar, não me apegar. E eu me achava tão boa que eu não vi que nada tinha acontecido até então pela graça de Deus. Eu achava que eu era tão boa em me restringir que por isso não tinha o coração partido. Olhando para trás quero me dar um tapa no meio da cara de tão arrogante que eu era e eu sinto muito por todas as vezes que eu zoei meninas que se apaixonaram pelos caras errados ou no momento errado. Vocês precisavam de amor, mas eu não sabia melhor.
Enfim, eu me apaixonei por alguém que não se apaixonou por mim. Mesmo que parecia que sim. Ele era muito bom em me enganar com as suas palavras e defraudar. E eu passei meses conversando com alguém que dizia coisas legais, ia na igreja mas não queria estar comigo. Eu não vou entrar em detalhes porque não é necessário. Quero focar no trabalho que Deus fez em mim. Foi muito doloroso gostar de alguém que me dava vislumbres de “amor” e eu me sentia presa numa armadilha. Eu tentava sair, mas eu era puxada de volta. Nós nunca tivemos um relacionamento de verdade e nem nos beijamos. Era uma ligação emocional que eu não conseguia sair. Ele me puxava de volta e eu deixava. Eu tinha tanta vergonha de ter me apaixonado por alguém que claramente não era legal para mim que eu não queria nem pedir ajuda.
Ele dizia coisas e fazia totalmente o contrário. Ele gostava de mim, mas não podia se comprometer. Ele queria coisas que eu não podia ser ou fazer. Eu estava apaixonada, mas eu sabia o que Deus queria de mim. Eu só não conseguia sair. Eu orei e orei para encontrar meu escape. O coração partido veio do jeito mais doido possível. Sério, história de novela mexicana. Foi muito difícil. Me senti rejeitada, feia, trocada, perdi amigos, me senti sem esperança e eu não confiava em mais ninguém. Que difícil. Senti como se eu finalmente tivesse saído do meu esconderijo e então tive que correr de volta para dentro e não queria nem mais espiar o lado de fora. Sonhos e expectativas foram machucados.
E então, era isso. Talvez Deus não quisesse que eu encontrasse alguém. Passar por aquilo me fez sentir sem esperança. E assim começou um dos anos mais difíceis da vida. Coração partido, decepção na igreja, quebra de confiança, minha mãe quase morreu. No meio do caos daquele ano Deus respondeu outra oração. Era tempo de finalmente ir. Por tanto tempo eu planejei a minha vida para que as coisas que eu queira acontecessem. Eu queria me casar nova e ter filhos nova. E não estava acontecendo. E eu sempre pensei que se eu fosse para o programa de Au Pair eu ia voltar pro Brasil velha demais e ninguém ia querer casar comigo. Mas naquele ano eu não ligava mais. Eu sei hoje que Deus tinha coisas melhores para mim. Entretanto, eu passei tempo demais tentando ser alguém que outra pessoa fosse querer ao invés de ser quem Deus queria que eu fosse.
Quando tudo isso aconteceu Deus me libertou para vir para os Estados Unidos. Era um tempo para Deus e a Carol passarem juntos. Finalmente, eu estava fazendo isso. Eu não estava planejando me apaixonar ou me casar. Eu estava planejando me divertir. Viajar. Ir para lugares que eu sempre sonhei. Tempo de aproveitar e aí quando eu voltasse pro Brasil eu dava um jeito.
E aí, mais ou menos um mês depois que eu cheguei em Nova Iorque, eu conheci o Chris.
Eu gostaria de dizer que foi aqui que tudo começou a ficar fácil, mas não é. Eu tinha tanto para descobrir sobre mim mesma e eu nem sabia. Minha ideia era contar nossa história aos pouquinhos e rica de detalhes, eu ainda tenho isso salvo, mas sinto que é mais importante falar sobre a espera agora.
Aqui estava eu. Aos 25 anos. Nos Estados Unidos. Saindo de um ano muito ruim. Nunca tinha namorado. Nunca tinha beijado. A última vez que me apaixonei foi tão ruim que meu pai amado. Eu entro nessa igreja e esse cara baixo (na minha opinião, que ele vai negar), cabelo cumprido e parecia sujo, que fez várias piadas maldosas sobre mim e o Brasil. Mal eu sabia. O Chris foi muito insistente quando nos conhecemos. Ele estava por perto em todo role e eu me senti acuada. Eu me sentia quebrada e eu não confiava em caras. Eu repeti para ele diversas vezes que eu conhecia o jogo e eu não queria jogar. Demorou uns dois meses para eu meio que gostar dele. Quando ele cortou o cabelo ajudou bastante. (To brincando, mas não tanto hahaha.)
E aí né quando ambos se gostavam ficou fácil né? Não, de jeito nenhum. Acho que eu orei para Deus pedindo um romance de livro e eu tinha o final feliz em mente, porém me esqueci do drama que acontece antes do final feliz. O Chris e eu tivemos que resolver muitas coisas com Deus antes de podermos nos “juntar”. Entretanto, a gente era teimoso demais e queria fazer dar certo do nosso jeito. E menina, deixa eu te falar, que loucura.
Então é por isso que eu queria falar sobre esperar. Eu li num livro outro dia que quando a gente espera muitas vezes nos sentimos punidos ou presos como se alguém precisasse vir nos resgatar e salvar. Porém, a espera pode ser um lugar ativo de trabalho e conhecer a Deus.
Eu sei que existem diversas garotas por ai esperando o príncipe encantado, ou romance ou o que seja que você quer. Nós assistimos filmes demais e lemos histórias demais em que o cara aparece e a vida da mulher é salva. Trazendo para nossa própria realidade, talvez nós tenhamos crescido em um lar com problemas e sonhamos com o dia que teríamos a nossa própria família e faríamos dar certo. Talvez nós crescemos não nos sentindo amadas e queríamos nos sentir assim. Talvez nós crescemos procurando validação para nos sentirmos bonitas ou o que seja. Em algum momento nós começamos a buscar em pessoas coisas que só podiam ser encontradas em Deus.
Eu agradeço a Deus que Ele não deixou que eu entrasse em nenhum relacionamento antes de eu aprender essas coisas sozinha. O Chris (ou cara nenhum) precisava me salvar. Jesus já o tinha feito.
O que eu quero falar hoje é sobre mudar a nossa perspectiva na nossa espera. Precisamos conhecer a Deus e a nós mesmas antes de tentar nos preencher com outra pessoa.
Viver a vida tentando encontrar alguém, ou talvez você seja uma garota que não quer casar, mas quer ter um ótimo emprego, ou eu não sei o que você deseja que você pensa que só será feliz quando chegar lá. Eu quero falar sobre algumas coisas que Deus me ensinou na espera.
Durante a espera
Como eu disse antes, eu passei grande parte da minha vida querendo me casar e uma das coisas que eu aprendi sobre mim mesma é que eu estava construindo a minha identidade nos meus sonhos e desejos. Não conscientemente, mas muito real eu costumava pensar que até que eu fosse mãe ou esposa eu não completaria a missão de Deus para minha vida. O que é uma loucura. Nós precisamos nos lembrar que antes de sermos a namorada de alguém, esposa, mãe, amiga, filha, nós somos filhas de Deus e Ele não para seu trabalho em nós ou através de nós enquanto esperamos. Existem coisas que só podem ser aprendidas na espera. Se permitirmos, na espera Deus nos ensinara quem nós somos em luz de quem Ele é não na sombra de alguém. Ou na sombra de um emprego. Você não é o seu trabalho ou sua posição. Você é a filha amada de Deus.
Eu aprendi que eu estava me validando na opinião dos outros sobre mim. Se o cara que eu gostava me achava bonita eu era bonita, se ele não achava eu não era. Se eu me sentia amada, eu era amada, se não sentia, não era. Se eu conseguia o que eu queria eu era boa o suficiente, se não, não era. É uma vida muito miserável e desafiadora desse jeito, deixar que os outros definam quem nós somos. Nós conscientemente não pensamos assim, mas você já se sentiu rejeitada? Já foi chamada de feia? Ou qualquer outra coisa? Você deixou isso criar raiz na sua cabeça? Eu por exemplo sempre tive dificuldades de aceitar elogios sobre a minha aparência, mas se alguém falasse algo ruim isso criava raiz. Durante anos, eu coloquei na cabeça que eu não era bonita e tive crises com minha altura e peso por causa do que outras pessoas disseram. Até hoje eu luto contra isso. E a razão é porque eu não estava construindo a minha identidade em quem Deus dizia que eu era. Eu queria me encaixar no que outras pessoas queriam que eu fosse.
Nós precisamos parar de pensar que somos o que queremos ser. Minha vida realmente melhorou quando eu comecei a aproveitar o que Deus tinha para aquele momento ao invés de fantasiar com o que ainda iria acontecer. Sonhar e ter planos é ótimo. Não me leve a mal, mas isso não pode ser o fôlego da nossa vida. Não pode ser quem a gente é. Você quer ser mãe? Médica? Ótimo! Só se lembre que você não só começa a viver quando chega lá. Deus tem um plano para o processo que está acontecendo agora.
Se pensarmos na história de José na Bíblia, veremos que antes de ele ganhar uma ótima posição no governo do Egito ele foi vendido por seus irmãos e preso injustamente. Imagina se José decidisse parar de honrar a Deus porque ele não estava onde queria estar. Antes de José chegar no lugar que ele literalmente sonhou teve muita espera.
Outra coisa que aprendi foi que homem nenhum pode salvar. Eu sei que racionalmente nós sabemos isso, se você cresceu na igreja como eu você sabe que só Jesus salva, mas você já imaginou que se você tivesse alguém que te amasse e você pudesse construir uma família seus problemas se resolveriam? Ou quando você chegasse lá (qualquer sonho) os problemas iriam embora?
A ideia de que quando tivéssemos a nossas próprias famílias faríamos tudo certo? Nós queremos ser amadas. E eu quero te dizer que somente Deus pode nos encher com tudo que precisamos. Nós não estamos em falta de marido. Nossos corações anseiam pelo Pai. A gente que bagunça tudo pensando que precisa de alguém para nos completar. Casamento é ótimo e pode ser uma benção se nossos corações estiverem preenchidos por Deus. Entretanto, nós precisamos abandonar a ideia que o casamento nos resgatará ou que outra pessoa nos fará feliz. Nossa alegria precisa ser encontrada em Deus. Jesus é o salvador e o resgate. Eu sei que no dia a dia essa ideia fica mais difícil, mas nossos sonhos e desejos tem que passar pela cruz. Por que queremos o que queremos? O que nos motiva? Você tem buscado o reino de Deus em primeiro lugar?
Eu aprendi a aproveitar a solteirice. Eu aprendi que existe muita alegria e liberdade em estar só. Eu não sou casada ainda então não vou nem me arriscar a falar disso, mas tem muito que você pode fazer sozinho para honrar a Deus. Você não está na prisão enquanto espera. Você está exatamente onde Deus quer que você esteja. O que me ajudou muito enquanto eu esperava pelos meus sonhos era perguntar para Deus como eu poderia ser mais útil no Reino agora. Essa é uma das razões pelas quais comecei o blog. Eu queria falar sobre o que Deus estava fazendo na minha vida e talvez assim pudesse ajudar alguém que passasse pelos mesmo dilemas que eu.
Eu aprendi a não aceitar vislumbres de amor só porque eu não queria ficar sozinha. É difícil se sentir rejeitada, sozinha, excluída, é difícil quando seus amigos são todos casais e você é solteiro, mas eu posso te garantir que vai ser muito mais difícil se você entregar seu coração para alguém que não está comprometido com Deus e te amará a luz de Cristo. E por muitas vezes nós fazemos isso. Nós nos deixamos ser tratadas com pouco amor e descaso. Nós entramos em relacionamentos abusivos porque queremos nos sentir amadas ou não ficar sozinha. Porém, Deus que é rico em amor, misericórdia e graça nos ama tanto para que nos acomodemos com alguém que nos trata mais ou menos. Quando realmente nos sentimos amadas por Deus a pessoa que ele nos dará pode ser uma benção e não nossa fonte de amor. Porque humanos falharão e se eles forem nossos termômetros de amor nós afundaremos.
Eu aprendi sobre mim. O que eu gosto e não gosto quando não estou tentando agradar a ninguém. Não estou dizendo que você não pode fazer coisas porque a outra pessoa gosta. Você totalmente deveria. É que eu tentei muitas vezes gostar ou ser coisas para agradar aos outros, não a Deus ou a mim Aprendi que não há problema em gostar do que eu gosto, se não for desonrar a Deus.
Aprendi que não posso amar outra pessoa pensando no que é bom para mim e me concentrando em mim, eu e eu mesma. Aprendi que, para amar alguém, tenho que abrir mão de minhas ideias e ser humilde para estar aberta às ideias de outra pessoa.
E sabe o que mais é engraçado? Eu ainda estou aprendendo. Surpreendentemente, aprendi que o processo não para quando você recebe o sim. Eu vi isso quando finalmente vim para os EUA. Eu tenho aprendido isso enquanto namoro o Chris e tenho certeza que vou continuar aprendendo no casamento e assim por diante.
No primeiro mês em que estive em um relacionamento, eu me senti como, ai caramba, eu queria isso há tanto tempo e agora estou com medo. O que eu faço? É quando Deus iniciou outro processo.
Aposto que esqueci um monte de outras coisas que aprendi. No entanto, foi isso que Deus colocou em meu coração hoje. Quero terminar de lembrá-lo de que Deus não se esqueceu de você e você não está sendo punido porque ainda não chegou aonde queria. Deus está trabalhando e você também pode. Troque os óculos de autopiedade por óculos de Deus. Mude sua perspectiva e pergunte a Deus o que Ele quer que você faça com o que você tem agora.
E aproveite a espera, porque você não está esperando sozinho. Deus está segurando sua mão.
E porque prometi isso já tem um tempo aqui tem o começo da nossa história.
“21 de Setembro de 2018
Eu cheguei para o culto de Jovens que a Katherine me convidou. Essa igreja não é como a minha do Brasil, mas as pessoas aqui são muito simpáticas. Eu espero a Katherine descer do palco depois de cantar porque mesmo que eu não conheça ela muito bem ela é a única pessoa que eu conheço.
Ela me apresentou para várias pessoas como se nós fôssemos melhores amigas e eu sigo o fluxo. Quando só tem mais algumas pessoas dentro do salão de culto da igreja ela me apresenta para dois caras. Os dois parecem muito americanos. Eles me falam os seus nomes e eu esqueço os nomes uns dois segundos depois. Um deles tem provavelmente a mesma altura que eu e tem o cabelo cumprido. Ele esta usando um boné ao contrário e eu descreveria a aparência dele como surfista australiano. Enquanto nós quatro estamos conversando, o surfista parece me encarar meio esquisito e eu meio que ignoro esse fato.
A Katherine insiste para que eu vá para o andar debaixo da igreja porque eles estão servindo comida e tendo comunhão lá. Eu a sigo até lá porque na verdade eu estou desesperada para fazer amigos mesmo que na real eu não tenha gostado da igreja tanto assim. A Katherine continua me apresentando para várias pessoas como sua amiga brasileira e eu fico com muita vergonha, mas continuo sorrindo e acenando.
Eu me sento a mesa com a Katherine e começamos a conversar. Conhecer uma a outra. Eu não falo muito porque ainda estou me acostumando com a situação e eu não gosto de ser muita aberta com pessoas que eu não conheço.
De repente o surfista se aproxima e senta na mesa conosco. Ele me faz várias perguntas que eu sou meio seca para responder. Eu não conheço nenhuma dessas pessoas eu que não vou abrir a história da minha vida aqui. O surfista e a Katherine começam a fazer várias piadas e rir. Eu não rio porque sinceramente eu não acho que as piadas são engraçadas.
O cara diz para Katherine que eu sou muito séria. Ele faz comentários sobre mim na minha frente como se eu fosse idiota e eu não entendesse o que ele tá falando. Eu acho que eles acham que eu não consigo entender o inglês deles. Americanos arrogantes.
Em algum momento, o cara faz uma piada falando que ele veio de Marte e porque há alguns segundos ele me perguntou se eu falava espanhol eu sarcasticamente pergunto que língua eles falam em Marte. Ambos começam a se matar de rir, o que me deixa irritada porque eles ainda acham que eu não consigo entende-los direito.
Uau, esse povinho. Eu espero eles terminarem de rir e digo “Gente, eu entendi a piada. Eu estava sarcasticamente comentando sobre ela.” De repente a piada perdeu a graça.
O cara me pergunta porque eu não sorrio com frequência e porque eu tenho essa cara séria o tempo todo. Na minha cabeça eu penso, mano isso não é da sua conta né. Mas como eu estou tentando fazer amigos eu simplesmente digo que eu sou assim e não costumo falar muito. (Coitado dele quando ele descobriu que isso não era verdade e eu falo para caramba.)
Ele continua tentando ser engraçado e eu acho que ele é meio irritante na verdade, mas vou fazer o que. Quando saímos da igreja o surfista e a Katherine me oferecem uma carona e sinceramente eu que não vou aceitar carona de gente que eu acabei de conhecer. Eles insistem e eu digo que tá tudo bem e moro perto então quero andar para casa. Eles desistem, mas a Katherine insiste em caminhar comigo até em casa.
2 de Outubro de 2018
Eu estou desesperada para fazer amigos, né? Então eu aceito ir em qualquer coisa que me convidam. A Katherine me convida para um culto em Manhattan e eu quero dizer sim mesmo que eu não esteja muito afim de ir, quero que ela saiba que eu estou aberta para fazer amizade. Infelizmente, eu chego no local uma hora e meia atrasada por causa do trabalho e do metrô.
A Katherine já estava lá e ela guardou um lugar para mim. Os dois caras que eu conheci antes na igreja estão aqui também. O que eu posso dizer sobre o culto é que é bem diferente de tudo que já ouvi e eu estou meio chocada. Mesmo assim, eu finjo estar de boa porque eu realmente quero amigos. Quando a pregação acaba a Katherine me diz para ficar porque o amigo dela vai nos dar uma carona. Eu não sei se devo aceitar, mas eu não quero passar mais uma hora no trem sozinha se eu não aceitar.
O celular da Katherine está sem bateria então ela pede o meu para poder ligar para o amigo dela. O nome do amigo dela é Chris e é supostamente ele quem vai nos dar a carona. Ela liga para ele e ele não atende. Então a gente manda uma mensagem e ele responde dizendo que estará lá em alguns minutos.
O cara vem e busca a gente. Eu estou orando para que eles sejam boas pessoas e não me matem e joguem meu corpo no rio. Eles não param de falar durante o caminho. O cara trouxe a irmã dele junto com ele e eles falam muito. Eu não tenho ideia sobre o que. Eu só consigo pensar que eu não quero morrer e quão doida foi a pregação que eu acabei de assistir. Em algum momento um deles me pergunta porque eu não falo muito e eu respondo que eu sou tímida e é isso. O que para ser sincera, eu não acho que seja verdade eu não sou tímida. Eu só não me abro muito até que eu conheça as pessoas, mas o tal de Chris usa esse momento para me zoar . Ele diz: “Sério, Carol? Você tímida? Se você não dissesse nada nós não íamos saber
Aí. Americano arrogante. Você nem me conhece. Eu não me lembro muito do resto , mas esse começo de história é importante para o que virá.
No dia seguinte, eu recebo uma mensagem do Chris, o americano surfista arrogante, dizendo que ele tinha acabado de receber minha mensagem. O que me deixa bem confusa porque a última mensagem que eu mandei foi "Obrigada" porque ele disse que já estava vindo. Eu pergunto para ele de que mensagem ele esta falando e ele me manda um print dizendo que ele acabou de receber o Obrigada. Naquele momento, eu fiquei. Opa, espera aí. Isso é tipo a pior desculpa para tentar começar uma conversa com alguém, mas eu sigo me fazendo de desentendida. Ele me manda várias mensagens e começamos a conversar sobre a vida. Ele me convida pro culto de oração. Esse cara. O que ele quer?”
Continua...
PS: Segue o print da mensagem esfarrapada que ele me mandou.
Comments